Antônio Ferreira Lima Sobrinho, o

Antônio Ferreira Lima Sobrinho, alcunha de "Antônio Concurseiro", é apontado pela Polícia Civil como o mentor da fraude no concurso da Polícia Militar do Tocantins. A informação foi dada durante coletiva de imprensa no Complexo de Delegacias de Araguaína, nesta sexta-feira (22).

Os delegados Breno Campos, Alexandre Pereira e José de Anchieta, responsáveis pela "Operação Aleteia", contaram que os próprios suspeitos presos confessaram que Antônio esteve em Araguaína antes e logo depois da prova.

De acordo com a Polícia, o suspeito já foi preso no Maranhão por outras fraudes em 2012. Ele era professor do Instituo Federal do Maranhão e acabou demitido em razão de fraudes. Descrito pelos policiais como um sujeito inteligente, ele se aproveita desse conhecimento para cometer as fraudes.

Para a PC, não houve vazamento de informações por parte de funcionários da banca organizadora, OACP. "É uma fraude desenvolvida na capacidade intelectual dele.  Ele é um indivíduo muito inteligente", explicou Anchieta.

O esquema

De acordo com a investigação, Antônio usa documentos de terceiros para fazer a prova. Depois ele repassa o gabarito via celular para os demais envolvidos no esquema.

"Uma pessoa se inscreve no concurso. Ele falsifica o documento dessa pessoa e entra no local e faz a prova no lugar dessa pessoa", declarou Anchieta.

Inclusive, ele responde rapidamente e sai antes mesmo do horário permitido para levar o caderno de provas. Segundo a investigação, Antônio usa própria célula de identidade que ele leva ou algum papelzinho para anotar as respostas.

Após sair do local de prova, ele monta o gabarito num sms e encaminha aos candidatos que pagaram para fazer parte do esquema.

Na outra ponta, os destinatários das mensagens são orientados a ir ao banheiro na última hora da prova. Lá eles procuram o celular que esconderam assim que entram nos locais de prova. Fazem a cola e descartam o celular.

"Eles entram em banheiro, escondem em vaso sanitário, atrás do vaso, debaixo de cesto de lixo, mas tudo isso orientado pelo Antônio. O Antônio arquiteta o plano". Explicou Alexandre acrescentando que os celulares são cadastrados em nomes de terceiros para dificultar a identificação. Além disso, houve beneficiário em Palmas, Augustinópolis, Wanderlândia e Miracema.

O preço da aprovação

Conforme apontou a investigação, para entrar no esquema os candidatos teriam que desembolsar no mínimo R$ 5 mil reais antecipados. Teve suspeito que disse ter pago até R$ 10 mil.

Se caso fosse aprovado, o candidato ainda teria que pagar 10 vezes o valor da renumeração. Ou seja, considerando o salário de um soldado do Tocantins, em torno de R$ 4.500,00, eles teriam que pagar 45 mil reais. Inclusive, se comprometeriam a realizar empréstimo consignado logo que entrassem na instituição para quitar o pagamento.

Ostentação

Para a polícia, valor que Antônio recebia com as fraudes condiz com o padrão de vida dele. Ele morava num apartamento de luxo em Teresina (PI), onde foi preso. Ostentava com carro, roupas de marca e eletrônicos de alto valor. "Vivia muito bem, sem nenhuma outra ocupação lícita" afirmou delegado Anchieta.

Nem ele, nem a esposa e nem mesmo a cunhada ? ambas presas -- não têm emprego. Mas viviam com padrão de vida elevado.

Fraudador famoso

Segundo o delegado José Anchieta, em Pindaré Mirim (MA), cidade onde ocorreu a maioria das prisões, Antônio é conhecido por cometer fraudes. "Só falta pôr uma estátua dele dentro da cidade".

Vários funcionários públicos que atuam na cidade, que trabalham em bancos ou municípios vizinhos foram convocados por ele. No entanto, como não há como provar, esses funcionários continuam em seus postos.

E o concurso?

De acordo com a Polícia Civil, a fraude pode ter beneficiado cerca de 100 pessoas. O governo pode cancelar o contrato com a banca organizadora ou tentar acordo para reaplicação das provas. O Ministério Público também poderá ingressar com ação na Justiça.

Os presos ainda terão a conduta analisada individualmente. Inicialmente serão indiciados por associação criminosa e fraude em certame público. Pode haver ainda crimes de lavagem de capitais e  lavagem de dinheiro.

Leia+

http://araguainanoticias.com.br/noticia/44428/policia-estima-que-100-candidatos-foram-beneficiados-com-fraude-no-concurso-da-pm-to/