Fernando Almeida

A Polícia Federal de Araguaína prendeu na tarde desta terça-feira, 03, um comerciante de Guaraí (TO), suspeito de participar de um grupo criminoso especializado em fraudar o seguro desemprego.  Segundo as investigações da PF, a fraude poderia chegar ao montante de 286 mil reais. Em posse do preso estavam 44 Cartões do Cidadão, a quantia de R$ 700 em espécie, um veículo Golf (2014) e 30 comprovantes de deposito.

Os Cartões do Cidadão, que serviam para fraudar o Seguro Desemprego, estão em nome de trabalhadores comuns, mas segundo a PF, estes não sabiam da fraude. A quantia de 15 cartões pertence à Agência da Caixa Econômica de Colinas do Tocantins, norte do estado. Com o preso estava um extrato de saque do Seguro Desemprego, em nome de um trabalhador comum, no valor de R$ 1.304,00, com data do último dia 2 de junho.  Também foram apreendidos 30 comprovantes de depósito em nome do comerciante preso.

O esquema

No final da manhã desta quarta-feira, 04, o delegado da Polícia Federal de Araguaína, Omar Peplow, concedeu entrevista para explicar como funcionava o golpe ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), através do Seguro Desemprego.  “O cartão é solicitado, não é uma segunda via, então o trabalhador existe. Eles (fraudadores) conseguem a segunda via com esse acesso ao sistema, fazem a demissão do trabalhador, e com o cartão eles se habilitam a receber o seguro desemprego.(...) O trabalhador tem tido dificuldades para receber seus direitos enquanto o fraudador tem recebido de maneira fácil.”

Envolvimento de servidores públicos

Ainda segundo Omar, a suspeita é que além do preso há muitas pessoas envolvidas no esquema fraudulento, como funcionário do Sines, Caixa Econômica e dos Correios.  “Sozinho não conseguiria fazer a extensão do golpe, além de conseguirem os documentos de terceiros e fazerem seção falsa do esquema seguro desemprego, saques de várias regiões do país, porém é necessário ter mais de uma pessoa participando.”

Esquema sofisticado

O delegado explicou ainda que o esquema fraudulento é sofisticado e isso reforça ainda mais a suspeita de participação de servidores públicos. “O que foi apurado até então foi que os membros dessa quadrilha têm acesso de alguma forma a sistemas do seguro desemprego",pontuou Omar.

Identificação do preso

A Polícia Federal não divulgou o nome do preso. Porém, a reportagem apurou que se trata do comerciante Washington Luis Gomes, 42 anos, da cidade de Guaraí (TO). Segundo apurado pelo Araguaína Notícias, Gomes está recolhido na Casa de Prisão Provisória de Araguaína (CPPA). De acordo a PF, entre os crimes cometidos pelo grupo criminoso estão falsidade ideológica, estelionato majorado, associação criminosa e corrupção ativa. A pena pode chegar até 28 anos de prisão.

Ligações criminosas

A Polícia Federal acredita que esse esquema fraudulento possa ter ligações com uma quadrilha interestadual presa em abril do ano passado. A quadrilha atuava no Tocantins e Maranhão e fraudou o INSS em 4 milhões de reais. A Superitendência da PF de Palmas também participou da prisão do comerciante.

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