A fraude no concurso da Polícia Militar do Tocantins pode ter beneficiado cerca de 100 pessoas. A estimativa foi repassada por delegados responsáveis pela Operação Aleteia, durante coletiva de imprensa no complexo de Delegacias da Polícia Civil de Araguaína, na tarde desta sexta-feira (22).
Ao todo, 13 pessoas foram presas, sendo 10 no Maranhão e 3 em Teresina, Piauí. Eles chegaram nesta madrugada em Araguaína.
Os presos suspeitos de fraudar o concurso da PM do Tocantins foram apresentados nesta tarde. Entre eles está Antônio Ferreira Lima Sobrinho, alcunha de "Antônio Concurseiro", apontado como líder da quadrilha especializada em fraudes em concursos públicos de vários estados.
Os delegados Breno Campos, Alexander Pereira e José de Anchieta explicaram que as investigações iniciaram com a apreensão do celular encontrado no banheiro da Faculdade Católica Dom Orione, um dos locais de aplicação da prova.
A partir daí, a polícia conseguiu identificar quem seria o titular do aparelho, considerando o local onde o candidato ficou sentado e relato de fiscais que suspeitaram do comportamento dele durante a prova.
De acordo com a Polícia Civil, o celular continha mensagem com o gabarito das 60 questões da prova, das quais 40 estavam certas conforme o gabarito oficial. Para os delegados, o resultado colocaria o beneficiário da mensagem a frente dos demais candidatos e garantiria a aprovação na primeira fase, considerando que a prova estava difícil.
Ainda segundo a investigação, os agentes identificaram que a mensagem foi encaminhada pelo "Antônio Concurseiro". Ele esteve em Araguaína e há prova testemunhal de que fez a prova, mas não se inscreveu com o nome dele.
Os delegados alertaram que se o concurso seguir, corre o risco de pessoas que não foram aprovadas da forma devida entrem na Polícia Militar.
"É um dos riscos da continuidade deste concurso da Polícia Militar do Tocantins. Porque ainda não foi possível se chegar ao dano exato e impedir todos que teriam praticado a fraude. Corre o risco de, caso o concurso continue, pessoas que não foram aprovadas da forma devida entrem na Polícia Militar" destacou o delegado José de Anchieta.
Segundo os delegados, as fraudes poderiam chegar em torno de 100 pessoas, considerando que o concurso ofereceu 1 mil vagas para o cargo de soldado.
"Não parece um número absurdo, mas chega a 10% do total de vagas disponíveis no concurso", explicou o delegado Alexandre Pereira.
A operação é realizada pela Delegacia de Investigações Criminais de Araguaína, norte do Tocantins, com apoio de policiais dos outros estados.