Inaugurado há 41 anos, o Hospital Dom Orione (HDO) consolidou sua imagem em Araguaína como uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos. Porém, o relatório da PF apontou a existência de esquema criminoso, que envolvia propina de 25%. A PF fez buscas na manhã desta terça-feira (5) e prendeu dois diretores.
O esquema, segundo aponta a PF, envolvia a direção do HDO, médicos e empresas fornecedoras de materiais cirúrgicos. O delator do caso, Cristiano Maciel Rosa, explicou que o médico indicava a marca do insumo e a fornecedora (ST Jude) vendia com desconto, mas a nota apresentado ao SUS constava o valor integral.
Após isso, segundo a PF, a empresa Cardiomed, representante da ST Jude, pagava as ?taxas-comissões? aos contemplados dentro do HDO. Às vezes a propina chegava ao nível ?plus,? 25%. Quando o percentual era 20%, rateava-se da seguinte forma: 10% aos médicos, 10% para o HDO, segundo o delator.
No ano de 2013, segundo consta o relatório da PF, o pagamento das "comissões" era feito em cheques ou depósitos nas contas bancárias dos médicos. Entretanto, houve algumas mudanças e duas empresas operam o suposto "esquema". Em 2015, segundo o documento, os pagamentos eram feitos por meio da empresa Procure, que funcionava dentro do HDO, e contratava serviços médicos.
De acordo com o relatório, este evidencia a exigência de vantagens indevidas por parte do HDO para receber material de fornecedores. "Há indícios contundentes de que este hospital, por intermédio de médicos e seus diretores, tem servido de palco para pagamento de propina". Uma interceptação telefônica feita pela PF no dia 19 de setembro de 2017 mostra um empasse entre o HDO e um fornecedor.
"Vim entregar o material aqui no Hospital Dom Orione para fazer um procedimento às 3h00 da tarde. (....) Aí o hospital se negou a receber o material. (...) E o diretor do hospital falou assim: que para colocar o material para este exame hoje tem que pagar 24%".
Além de propinas, o relatório da PF cita também que o HDO reutilizava insumos não implantáveis e cobrava do SUS como se fossem novos. Os materiais são cateteres, fios, guias e introdutores utilizados em procedimento de angioplastia. Devido a isso, segundo o documento, a partir de 2011/2012, o HDO passou a reapresentar as mesmas notas fiscais para receber do SUS. "Até dez vezes a mesma nota". Observa.
O outro ladoO AN solicitou um posicionamento do HDO sobre a operação da PF, mas não houve resposta. Também não conseguiu contato com as empresas mencionadas na matéria. Já em entrevista ao AN, o advogado Jorge Palma, que defende o diretor técnico Arnaldo Alves Nunes e o superintendente executivo Osvair Murilo da Cunha, frisou que os clientes são inocentes.
--Eles foram colhidos de surpresa com mandado de prisão. Eles estão evidentemente chateados. Mas prontos a colaborar. Já foram ouvidos, explicaram absolutamente tudo. E a defesa tem a mais absoluta fé e confiança na inocência deles. E nos próximos dias, nós temos certeza essa inocência acabará sendo comprovada.
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