Política

Secretário de Carlesse revela à PF suposta estratégia para "fisgar" empresários e cobrar propina

Heber Fidelis, que estava no governo Carlesse desde 2018, permaneceu na gestão interina de Wanderlei Barbosa

Heber Fidelis, Secretário da Cidadania e Justiça.
Foto: Divulgação

Pela primeira vez, um integrante do primeiro escalão rompe o silêncio e garante que houve um suposto esquema de propina no governo de Mauro Carlesse.  O depoimento é do secretário de Cidadania e Justiça (Seciju), Heber Fidelis, que fez revelações bombásticas à Policia Federal.

O depoimento sigiloso à PF ocorreu em 23 de novembro e vazou nesta quinta-feira, 16. O secretário, que estava no governo Carlesse desde 2018, permaneceu na gestão interina de Wanderlei Barbosa. Disse que sofreu pressão para deixar o cargo, mas não cedeu e resolveu colaborar com a PF voluntariamente.

Conforme o documento, o secretário afirmou que no Governo havia um grupo formado por cinco secretarias (Fazenda, Planejamento, Casa Civil, Infraestrutura e de Parcerias e Investimentos) que centralizava os pagamentos do Estado aos fornecedores. O grupo seria comandado pelo então secretário de Parcerias e Investimentos Claudinei Quaresemin, sobrinho de Mauro Carlesse.

Claudinei Quaresemin, era, na prática, quem comandava o grupo executivo e determinava os pagamentos. (....) Qualquer tipo de pagamento ou publicação no Diário Oficial passava obrigatoriamente pelo aval do Claudnei”. Diz trecho do depoimento de Fidelis à PF.

O secretário ainda revelou o modo como o grupo fisgava empresários para pagar propinas a integrantes do Governo. “Utilizava a estratégia do atraso nos pagamentos para que o fornecedor viesse conversar com o Governo.”

Explicou, acrescentando. “Os pagamentos só retornavam mediante pagamento de propina." Complementou.

Disse ainda que as conversas com empresários sobre propinas ocorriam na sala de Quaresmin no Palácio Araguaia. Contou ainda ter ouvido de terceiros que o pagamento da propina era realizado em São Paulo. Contudo, não citou valores ou percentuais.

O outro lado

Ex-secretário de Estado de Parcerias e Investimentos, Claudinei Quaresemin

Em nota, o ex-secretário de Estado de Parcerias e Investimentos, Claudinei Quaresemin, se manifestou sobre as declarações de Fidelis à PF. Negou “totalmente as acusações inverídicas do secretário Héber Fidelis, em depoimento à Polícia Federal, no último dia 23 de novembro.”

Quaresemin também afirma desconhecer os atos ilegais confessados por Fidélis à Polícia Federal, no exercício do cargo de Secretário de Cidadania e Justiça. E destaca que Fidélis é um dos poucos secretários do governo Carlesse a permanecer no cargo. Pontua Quaresmin.

"Novamente é utilizada a estratégia de vazamento criminoso, de parte de um processo que corre sob sigilo no Superior Tribunal de Justiça (STJ), para difundir uma narrativa que visa denegrir a imagem do governador Mauro Carlesse e de ex-integrantes do governo legitimamente eleito pela população". Acrescenta a nota.

A nota diz ainda que os advogados de Claudinei Quaresemin tomarão as providências cabíveis em relação à iniciativa de Fidélis, em decorrência das falsas acusações.