
A Justiça negou, em segunda instância, o pedido da defesa de Maria Karollyny Campos Ferreira, a Karol Digital, e do namorado dela, Dhemerson Rezende Costa, para cumprir a determinação judicial em prisão domiciliar. Eles são investigados por suspeita de envolvimento com plataformas de jogos online e movimentar R$ 217 milhões de forma ilícita.
Karol e Dhemerson foram presos pela Polícia Civil no dia 22 de agosto,em Araguaína, norte do Tocantins. O casal é apontado como integrante de um esquema de exploração ilegal de jogos de azar, associação criminosa, lavagem de dinheiro e crime contra a economia popular.
O g1 tentou contato com a defesa do casal, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. No dia da prisão, a defesa negou à TV Anhanguera envolvimento deles com atos ilícitos e disse que "tudo será esclarecido". Também afirmou, em nota, que recorreu ao Supremo Tribunal Federal, pois acredita que há ilegalidades na investigação e que a prisão da investigada é "desumana", pois ela "está em estado de saúde extremamente complicado".
A defesa entrou com liminar pedindo a prisão domiciliar alegando que Karol realizou uma cirurgia pouco antes de ser presa, quadro que exigiria atenção no pós-operatório e que o ambiente carcerário estaria comprometendo os cuidados. Também citou que a influenciadora tem uma filha de seis anos que depende dela.
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A decisão de indeferimento do habeas corpus é da desembargadora Etelvina Maria Sampaio Felipe e saiu na terça-feira (2). Como os pedidos já haviam sido negados por juiz de primeira instância, a desembargadora seguiu a mesma linha e destacou que Karol cometia as ilegalidades dentro de casa, inclusive usando a imagem da criança.
"O pleito estabelecido na maternidade foi indeferido em razão das peculiaridades do caso, notadamente o fato de que as atividades ilícitas, em tese, eram desenvolvidas no ambiente doméstico, com a suposta instrumentalização da imagem da criança em redes sociais, o que afastaria a aplicação automática do precedente firmado no Coletivo HC [habeas corpus]", destacou a desembargadora na decisão.
Com relação às condições de saúde de Karol, em decorrência da cirurgia, o Juízo determinou que seja realizada uma perícia médica oficial para atestar a real gravidade do quadro clínico e a efetiva impossibilidade de tratamento no presídio antes de decidir por sobre a conversão da prisão em domiciliar.
Entenda o caso
Karol Digital foi presa durante cumprimento de mandados na Operação FRAUS,
conduzida pela Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO) e 1ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (DEIC - Palmas), com o apoio do Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça e Segurança Pública, além de equipes da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec).
Conforme os investigadores, a influenciadora movimentou entre janeiro de 2019 e outubro de 2024, mais de R$ 217 milhões em suas contas. Durante a operação, a Polícia Civil apreendeu sete veículos em nome da influencer Karol Digital, que somam aproximadamente R$ 5.528.000.
Também foi determinado o sequestro de sete imóveis, sendo seis em Araguaína e um em Babaçulândia, além de uma fazenda com criação de 248 bovinos e cavalos de raça, avaliada em R$ 8 milhões, em Palmeirante.
Ainda conforme a investigação, Karol Digital teria transferido bens para três empresas em seu nome, configurando a "blindagem" ou "ocultação" de patrimônios.
No inquérito sobre o caso, a Polícia Civil indentificou que vítimas que perderam dinheiro em jogos de azar online supostamente indicados pela influenciadora enviaram mensagens a ela pedindo ajuda. A influencer oferecia dicas e até vendia mentorias prometendo ganhos em apostas, mas usuários tiveram grandes prejuízos financeiros.
Conforme as investigações, Karol postava sobre “ganhos” em suas redes sociais com a intenção de enganar seguidores, mostrando resultados de plataformas diferentes das que ela estava sendo paga para promover. Na realidade, ela recebia das plataformas de jogos online e postava que o dinheiro era resultado das apostas.