
Profissionais que atendem nas unidades básicas de saúde (UBS) de Araguaína participaram, nesta terça-feira, 12, de uma capacitação em leishmanioses. O treinamento, que conta com 150 médicos e enfermeiros, é uma atualização dos profissionais sobre aspectos clínicos, diagnósticos e epidemiológicos das doenças.
“É um momento muito válido, de repensar, revisar, e a cada dia se apropriar do conteúdo, fazendo assim uma prática baseada em evidências, trocando experiências com pessoas que são especialistas da área. Com isso, temos a contribuir com a sociedade, trazendo um diagnóstico preciso, um tratamento oportuno e, lógico, evitando problemas mais sérios”, avaliou a médica Denise Rodrigues, da UBS Dr. Francisco, na Vila Aliança.
Programação
O evento teve início com a apresentação das estratégias integradas de vigilância e controle das leishmanioses, ministrada pelo bioquímico Klaubher Cruz e pelos médicos veterinários Ketren Carvalho e Admilson Modesto, do Centro de Controle de Zoonoses de Araguaína (CCZ).
Na sequência, a médica do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Norte do Tocantins (HDT-UFNT) Alexsandra Rossi, abordou os aspectos clínicos e o diagnóstico das doenças; e o biólogo Júlio Bigeli, assessor técnico estadual responsável pelo Programa de Vigilância das Leishmanioses, falou sobre os desafios e ações para o controle das leishmanioses no Tocantins. Ao final, os profissionais puderam tirar dúvidas sobre o tema.
Ações realizadas pelo Município
A Prefeitura de Araguaína atua com uma série de ações para prevenir e controlar as leishmanioses. O trabalho envolve os Agentes de Combate às Endemias (ACE) e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), que orientam moradores sobre como manter quintais limpos, sem restos de folhas, frutas ou fezes de animais, que servem de criadouro para o mosquito-palha, transmissor das doenças.
Também são reforçadas as orientações sobre o uso de repelentes, mosquiteiros e a importância de evitar exposição ao ar livre no entardecer e à noite, horários de maior atividade do mosquito. Outro ponto importante é o cumprimento da Lei Municipal nº 2908/2014, que proíbe a criação de galinhas e outras aves, além de chiqueiros, na zona urbana.
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Instagram FacebookNo cuidado com os animais, a Prefeitura realiza exames em cães para diagnóstico da leishmaniose canina. Nos casos positivos, os cães são recolhidos, caso os donos não optem pelo tratamento. Além disso, em 35 bairros considerados prioritários, o Município faz o encoleiramento dos cães, com visitas de casa em casa e substituição das coleiras a cada seis meses.
A rede municipal também atende pacientes com suspeita da doença nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), com diagnóstico e encaminhamento para tratamento. A conscientização também é feita por meio de palestras e apresentações com teatro de fantoches nas escolas e comunidades.
Resultados das ações
O Município tem registrado uma importante redução na incidência de casos. Em 2024, foram notificados 9 casos da doença em humanos e, em 2025, até o momento, são 5 registros. Mesmo com a queda, as medidas preventivas precisam ser contínuas e ininterruptas, já que a leishmaniose pode causar complicações graves e levar à morte, se não for diagnosticada e tratada a tempo.
“O que a gente vive hoje no Tocantins, em Araguaína da mesma forma, é uma redução de casos bastante expressiva. Isso acompanha o mesmo cenário que a gente vê no Brasil como um todo. Inclusive aqui na reunião a gente está discutindo esses dados, que a gente trouxe um recorte de 15 anos, mostrando uma redução na casa de 80%”, informou o palestrante Júlio Bigeli.
De acordo com a responsável pelo Programa de Controle das Leishmanioses em Araguaína, Ketren Carvalho, o perfil epidemiológico vem mudando, o que requer dos profissionais a atualização para adequação do atendimento. “Antes a doença infectava principalmente crianças e idosos, hoje a gente vê cada vez mais a ocorrência de casos em adultos jovens, do sexo masculino, principalmente associada com o HIV”, explicou.
Leishmaniose visceral: o que é e como se proteger
A leishmaniose visceral é uma doença parasitária grave transmitida pela picada do mosquito-palha, que pode afetar tanto humanos quanto animais. O cão é o principal reservatório doméstico do parasita. Quando o mosquito pica um cão infectado, ele se torna transmissor da doença e pode infectar outros animais ou pessoas em novas picadas.
Os sintomas incluem febre prolongada, fraqueza, perda de peso e aumento do baço e fígado nos humanos, enquanto nos cães, os sinais mais comuns são queda de pelos, feridas, unhas crescidas e emagrecimento.
Como não há vacina para humanos, a prevenção é essencial. Manter quintais limpos, usar repelentes e roupas que cubram o corpo, especialmente no fim da tarde, são medidas recomendadas. Nos animais, é importante permitir a coleta de sangue e o uso de coleiras repelentes durante as visitas das equipes de saúde.
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