Farmacêutico Robson Barbosa suspeito de ser o mandante do crime.

Os delegados responsáveis pelas investigações na morte do advogado Danilo Sandes deram detalhes de como ocorreu a ação do suspeito de encomendar crime. As informações foram repassadas durante coletiva de imprensa, na manhã desta terça-feira (29), no Complexo de Delegacias em Araguaína.

A prisão do suspeito, o farmacêutico Robson Barbosa, 32 anos, ocorreu após um mês de investigações da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), sob o comando do delegado Rérisson Macedo e Guilherme Torres, com o suporte do delegado regional Bruno Boaventura. Além do auxílio da Deic de Araguaína.

Rérisson explicou que desde o início das investigações Robson era tratado como um dos suspeitos e que chamou atenção da polícia a riqueza de detalhes com que ele planejou o crime.

Motivação

Segundo o delegado, o advogado Danilo Sandes representava a família de Robson em uma ação de inventário. Ao todo, a herança em discussão no inventário pode chegar a R$ 7 milhões, conforme informações da Polícia Civil. Robson tentava ocultar bens para benefício próprio e Danilo não aceitou.

"Estava sofrendo um certo aliciamento. Danilo não se curvou. Daí já surgiu uma animosidade. Após ter descoberto que ações estavam sendo ocultadas dos demais inventariantes, teve uma discussão acalorada com o Robson. Foi quando Danilo disse que não seria mais o advogado dele". Na época, a mãe e a irmã do suspeito também deixaram o advogado.

O delegado disse que Robson queria ganhar mais que os demais inventariantes, e uma carreta Volvo que estava na posse dele integrava o inventário. Danilo conseguiu o alvará da Justiça para ter a disponibilidade desse bem e vende-lo para cobrir despesas do inventário. Mas para o suspeito Robson, foi a gota d?agua.

"O Robson preferiu ameaças ao doutor Danilo, dizendo que ele até tinha conseguido o alvará, mas ele não chegaria a gastar o que seria levantado" contou o delegado.

Premeditação do crime

A partir daí, o suspeito começou a arquitetar a morte de Danilo. A polícia acredita que ele não agiu sozinho, e a movimentação dos suspeitos pode ser rastreada através de um celular adquirido por Robson dias antes do crime. O delegado explicou que inclusive teve acesso a uma conversa pelo Skype, em que Robson negociou a compra do aparelho com uma mulher em Marabá (PA).

Um chip foi cadastrado dia 22 de julho em nome de terceiro por volta das 16 horas e depois desligado. Já no dia 24 de julho, o celular foi ligado novamente sem ter feito nenhuma ligação. E por volta das 20 horas, o delegado disse que houve um deslocamento de Marabá até Araguaína.

"Para evitar de ter registro na balsa, pra não ter imagens na Balsa de Xambioá, ele fez um percurso passando [por] Araguatins".

O veículo chegou em Araguaína durante a madrugada e foi observada ainda uma pequena movimentação entre os setores Araguaína Sul e Jardim das Flores. De acordo com o delegado, pela manhã da terça-feira (25) essa pessoa que estava com um histórico de cobertura montado por Robson, entrou em contato com Danilo. "Ele já aguardava essa pessoa".

Imagens das câmeras de segurança captaram o momento que o executor do crime chegou em um  gol de cor cinza, vidro fumê.  Rérisson explicou que Danilo cumprimentou a pessoa, entrou no carro sem nenhuma resistência.  A moto do advogado foi abandonada no Posto de Saúde do Jardim das Flores.

"Imediatamente ao ter entrado na sua câmara de gás, ele foi rendido. Não temos dúvida disso, porque o celular foi imediatamente desligado. Daí, foi levado a um local previamente estabelecido, onde cometeu o crime".

Segundo o delegado, o executor da morte do advogado ainda retornou a Araguaína, desligou o celular e tomou destino desconhecido até a tarde de ontem (28). Mas a polícia já tem conhecimento do autor e prepara provas para prendê-lo no momento certo.