Heitor Eduardo Morais Berlanda foi morto em uma ação da PM na cidade de Campos Lindos.
Foto: Divulgação/Família

A família de Heitor Eduardo Morais Berlanda (21 anos), morto em 12 de março numa ação da PM em Campos Lindos, contestou a versão da Corporação sobre o ocorrido.  A defesa também solicitou ao Ministério Público do Tocanitns a apuração de possível excesso dos militares.

Em 13 de março o Araguaína Notícias publicou a matéria “Após balear homem em praça, trio troca tiros com a PM e um acaba morto em Campos Lindos.” Nesta, menciona a versão da PM de que Heitor, morto na ação da Polícia, teria participado na noite de sexta-feira (12) de uma tentativa de homicídio, na companhia de outras duas pessoas.

E que, segundo a PM, o trio se dirigiu ao hospital do município para dar continuidade na tentativa. Em seguira eles foram perseguidos pela Polícia Militar, e numa troca de tiros, o jovem foi atingido e veio a óbito após dar entrada na unidade hospitalar. Entretanto, a defesa do jovem e a família contestam essa versão e asseguraram que Heitor não havia participado da tentativa de homicídio.

Sobre a ação que culminou com sua morte, investigação em andamento busca esclarecer os fatos, o caso que teria dado início à perseguição ocorreu por volta das 23h, na praça central da cidade, estando o autor deste crime foragido, e segundo testemunhas, ele não estaria no veículo perseguido, tampouco na presença de Heitor.” Diz a nota enviada ao AN.

A família contesta também a versão da Polícia Militar de que seus agentes estavam a caminho do hospital em que a vítima da tentativa de homicídio estava sendo atendido, quando encontrou um carro que estava ocupado pelos “suspeitos”, indo ao hospital para terminar a execução.

 “A verdade é que os policiais estavam na região central da cidade, quando se depararam com um veículo que teria as mesmas características do carro que pertenceria ao suposto autor da tentativa de homicídio, quando iniciaram a perseguição truculenta e excessiva, e não a caminho do hospital como alegam.” Pontua.

A nota-resposta cita que houve diversas falhas por parte dos militares durante a ação, a viatura conduzida não estava com giroflex e sirene ligado.  E que atiraram contra o veículo dentro da cidade, colocando mais pessoas em perigo concreto, inclusive atingiram comércios com sua ação.

Em razão dos disparos em direção ao carro ocupado pelos jovens, embora o condutor Heitor Eduardo Morais Berlanda tivesse tentado parar por diversas vezes era sempre hostilizado com mais tiros.” Destaca.

A família e a defesa citam ainda que, conforme testemunhas oculares, não havia terceiro indivíduo no veículo, como contado na reportagem anterior, estando somente os dois rapazes. “Confrontando com as alegações da polícia, que afirma que um terceiro fugiu quando o carro parou, o que até mesmo pelas circunstâncias do caso seria improvável que um terceiro tivesse saído do veículo sem estar no mínimo gravemente ferido após tantos disparos.”

"Já na avenida Perimetral Serra do Centro, Heitor não conseguia mais dirigir, pois já estava ferido, morreu tentando entrar na Avenida de sua casa para se salvar e salvar seu amigo, momento que foi vitimado com mais disparos de arma de fogo da PM, sem demonstrar sinais de reação, e Lisandro Tavares Noleto jovem de 19 (dezenove) anos ficando gravemente ferido".  Explicam.

A nota diz que o socorro só foi prestado aos jovens quando o motorista da saúde de plantão chegou no local, momento em que encaminhou o ferido à Unidade Básica de Saúde, para receber atendimento médico.

Acrescenta ainda que Heitor Eduardo Morais Berlanda, não tinha passagem pela polícia, de bons antecedentes, filho de comerciantes, vindo de uma família tradicional e trabalhadora do município de Campos Lindos. “Pessoa humilde e sorridente, de uma educação impecável, partiu deixando um filho de dez meses, e a cidade toda em luto.”

Segundo a família e a defesa, a investigação por parte do Ministério Publico apontará se realmente houve troca de tiros e se os policiais agiram em conformidade com o necessário exigido para o caso.

 Da esquerda para direita, Heitor, pai, irmão, mãe, irmã e sobrinho.Foto: Divulgação Família

Ao contrário do que foi relatado anteriormente, só foi encontrado no carro dos rapazes uma arma de fabricação caseira, o outro objeto trata-se de um simulacro, e não três armas, perícia esclarecerá se os objetos e a droga apreendida pertenciam aos jovens.” Pontua a nota.

A ação da Polícia Militar está sendo repudiada por todos os moradores, os quais buscam clareza dos fatos ocorridos. Informações essas repassadas pela família, advogado e moradores, exercendo seu direito de resposta.” Finaliza a nota.

Investigação por parte do Ministério Público apontará se realmente houve troca de tiros e se os policiais agiram em conformidade com o necessário exigido para o caso.

Ao contrário do que foi relatado anteriormente, só foi encontrado no carro dos rapazes uma arma de fabricação caseira, o outro objeto trata-se de um simulacro, e não três armas, perícia esclarecerá se os objetos e a droga apreendida pertenciam aos jovens.

Veículo foi alvejado por disparos de diversos tamanhos. Foto: Divulgação/Família

O que diz a PM

"O 2º Batalhão de Polícia Militar (2º BPM) informa que todos os fatos relacionados à ocorrência foram apresentados à Polícia Judiciária, à qual é a responsável pela investigação dos fatos, no caso em tela da Delegacia Especializada em Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

Desta forma, todos os fatos estão sendo devidamente apurados unicamente pela Polícia Civil.

A Polícia Militar reafirma seu compromisso de servir e proteger a todos, bem como prima pela transparência nas suas ações e, pela ação legítima e proporcional de seus membros”.

Valdeonne Dias da Silva – TEN CEL QOPM

Comandante do 2º BPM"