Guilherme Castilho tem contrato vinculado ao Atlético Mineiro até 2024 e foi emprestado ao Juventude de Caxias.
Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

Rua Elias Bezerra dos Santos, setor Rodoviário, Araguaína, segunda maior cidade do Tocantins. O endereço que marcou o início de um capítulo na carreira de um jovem jogador que deixou de ser uma promessa dos gramados tocantinenses e hoje é uma realidade na Série A do Campeonato Brasileiro.

Com contrato vinculado ao Atlético Mineiro até 2024, Guilherme Castilho foi emprestado ao Juventude de Caxias. Melhor meia do Campeonato Gaúcho de 2021, o tocantinense garantiu seu nome na seleção de um dos estaduais mais fortes do país e continuou mantendo um desempenho que chama atenção nos jogos do Juventude no Campeonato Brasileiro.

A infância

A infância do atleta tem como origem outra cidade importante do Tocantins: Arapoema, local de nascimento de Guilherme Castilho Carvalho em 19 de setembro de 1999. O mais velho de dois irmãos, também se tornou ídolo do caçula Erick Joaquim Castilho Carvalho que hoje, aos 16 anos, mora em Goiânia e trilhou um caminho diferente do futebol. Erick é um dos principais torcedores da carreira do volante. Logo aos cinco anos, Guilherme precisava iniciar a trajetória no futebol e o destino foi o distrito de Savanópolis, município paraense de Santa Maria das Barreiras- distante 1.033 Km de Belém-PA. 

Desde a infância o futebol já era uma paixão para Guilherme. Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Na foto com a primeira formação do time infantil, Castilho aparece de chuteiras pretas, meões brancos, agachado ao centro entre dois colegas de época. “ Ele queria muito que eu encontrasse pra ele uma chuteira de cravo. Ele sempre queria jogar com os maiores”, disse Michelly Castilho, mãe do atleta.

Ainda no Pará, o menino passou a contar com outra figura importante na caminhada do futebol. O primeiro treinador foi o seu Osvaldo Rezende que descobria um talento nato. Mas, foi o tio paterno que passou a ter também um papel mais que essencial na trajetória. Tio Élcio é um dos nomes que ajudaram o atleta numa caminhada cheia de desafios. “Se eu cheguei a algum lugar foi pelo meu tio Élcio. Sempre me incentivou e nunca mediu esforços para realizar meu sonho”, comentou.

Foi o tio Élcio quem fez o contato que mudaria a vida de Guilherme Castilho. Ele ligou para o ex-jogador Tiba pedindo uma oportunidade na escolinha. Castilho partiu para Araguaína e iniciou os primeiros chutes na escolinha sempre bem avaliado de perto.

Na escolinha de futebol do Tiba, Guilherme fez parte de uma geração promissora. Na foto, alguns talentos do time da época que hoje também seguem o caminho no futebol profissional. Além de Guilherme (o segundo agachado da direita para esquerda), do lado direito dele na foto, aparece o Vitor Hugo que está hoje no Goiás. Do lado esquerdo, Samuel que atua no Primavera-SP. Em pé, Gustavo Alves que defende hoje o Rio Banco de Americana-SP.

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“Guilherme é um filho também. Um menino que merece toda benção de Deus. Nossa relação é muito que profissional, é de família. Tudo que está acontecendo na vida dele é uma promessa de Deus se cumprindo. Ele merece muito”, disse Tiba.

Em Araguaína, o atleta passou a morar na casa da tia Terezinha. A rotina era dividida entre a Escola Marechal Candido Rondon, a escolinha de futebol e a casa. Surgia mais uma figura fundamental na trajetória do menino. “ Ele Sempre foi um menino batalhador e querido por todos. Sou muito agradecida a Deus na vida do Guilherme. A Michelly sempre foi uma super mãe que fez tudo pelo Castilho e pelo irmão. É uma família vencedora. Estou muito feliz por tudo que está acontecendo. Brilha, Guilherme! A vitória é sua, meu filho! Seja um grande jogador da seleção.”, relatou tia Terezinha.

Michelly sempre foi uma mãe que batalhou para os dois filhos. Após a morte do pai do jogador, ela teve que se desdobrar. Dividia o tempo entre Araguaína e o Pará, onde trabalhava e estudava, para sustentar o filho que seguia os passos em Araguaína. ’’Falar do Guilherme e do Erick é uma gratidão a Deus porque o Guilherme e o irmão sempre foram filhos abençoados e amorosos. São homens dignos e honrados. Estou muito feliz por tudo. Por um filho a gente chora, ri, ama, move o mundo. Meus dois filhos são o exemplo perfeito do amor de Deus na minha vida”, falou Michelly Castilho.

Neste período, Tiba teve mais um papel fundamental. Por questão de logística, Castilho passou a morar na casa de Tiba e a relação só ganhava cada vez mais confiança. “Eu não tenho palavras para agradecer ao Tiba. Ele me levava para igreja com a família. Eu estudei na mesma escola que os filhos dele, comia da mesma comida, era tratado como um filho mesmo. Os meninos pra mim são irmãos e a tia Cleide foi uma segunda mãe”, completou Guilherme Castilho.

O jogador também guarda com carinho a outra escola que passou a frequentar em Araguaína. “Tenho um carinho muito grande pela Escola Sesi. Eles me ajudaram muito quando perdi meu pai. Tenho grandes amigos lá, professores, colegas de classe. Foi muito especial essa época pra mim”, falou o volante.

A morte do Pai

Delcides Rodrigues de Carvalho era mais um que pai. Era incentivador na carreira do filho. Guilherme Castilho teve que superar a morte do pai de forma inesperada. Este é um capítulo que a família guarda de forma íntima. Delcides era o maior exemplo do filho que hoje brilha no futebol.“Abalou muito nossa família e hoje superamos com a graça de Deus. Queriam até que eu parasse de jogar bola. Continuei e hoje estou colhendo o fruto. Me fortaleceu tudo isso para seguir em frente e honrar meu pai, minha família”, disse.

O pai do jogador, Delcides Rodrigues, sempre foi um grande incentivador da carreira do filho. Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

A morte de Delcides foi em 2012 quando o atleta iria completar 13 anos. Neste período, os pais já estavam separados, mas o papel de seu Delclides e da mãe Michelly foi mais que especial na criação dos filhos e na carreira da bola. “A principal lembrança que tenho do meu pai era do quanto ele era amável e incentivava muito a gente. Era um pai especial”, falou o jogador.

O Juventude

Toda uma estrutura familiar e o ciclo de amizades já fazem o jogador colher os frutos na temporada 2021. O meia é nome certo nas escalações do técnico Marquinhos Santos. Já foram 7 gols marcados e 5 assistências que seguem ajudando o time gaúcho na elite do Brasileirão. Na votação dos internautas e comentaristas nos jogos transmitidos pela Rede Globo, o tocantinense já faturou três prêmios de melhor jogador da partida, Um deles contra o Corinthians em plena Arena Neo Química.

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A alta temporada com a camisa jaconeira faz do tocantinense um dos principais nomes em sondagem nos bastidores de outros clubes do futebol nacional. Segundo o site O Tempo, o Atlético Mineiro já confirmou que o volante deve ganhar oportunidade na equipe de Cuca no ano que vem.

Mas o foco do atleta está totalmente no Juventude e Castilho evita falar em qualquer destino no fim do campeonato. Em entrevista falando abertamente da carreira pela primeira vez, o volante também citou a saudade e da programação sempre quando está em Araguaína. “Quando eu vou para Araguaína nas férias eu vou mesmo para relaxar. Distrair a cabeça um pouco. Eu gosto de ficar bastante com o pessoal do Tiba ali, jogar futevôlei, dar risada, jogar futmesa. Saio bastante com a rapaziada, o Gustavo, Thiago, Eduardo Brito que é o Frangão que nos conhecemos desde muito cedo”, falou.

Guilherme Castilho ainda comentou sobre os planos no futebol e o sonho futuro nos gramados. “Todo mundo pensa em jogar em um time grande na Europa, na Seleção Brasileira. É o que quero também, mas meu principal objetivo é ajudar minha família”, encerrou.