
Reportagem do jornal O Globo, desta quinta-feira (28), divulgou mensagens do senador Eduardo Gomes (PL-TO) obtidas pela Polícia Federal.
As informações demonstram que Eduardo, líder do governo de Jair Bolsonaro (PL) no Senado, pediu dinheiro para um empresário em troca de “ajudar a adiar” uma portaria do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Segundo Eduardo Gomes, os depósitos bancários seriam “empréstimos a um amigo” e negou a existência de irregularidades no processo.
Mensagens do Senador encontradas em celular do amigo
A PF encontrou a troca de mensagens no celular do empresário Jorge Rodrigues Alves, amigo de Gomes. Jorge é alvo da Operação Lavandaria, investigação que busca entender suposto esquema de lavagem de dinheiro e fraudes de licitações no Tocantins.
As mensagens também continham comprovantes de depósitos para pessoas indicadas pelo próprio senador. Segundo o documento, os depósitos ocorrem desde 2016 e somam aproximadamente R$760 mil. A Polícia Federal enviou relatório que solicita o envio do caso para o Supremo Tribunal Federal (STF), já que o senador possui foro privilegiado.
No documento, a PF afirma que “Há, por fim, diversas conversas entre Jorge e o senador Eduardo Gomes, indicando que Jorge aparentemente paga contas para o senador e lhe envia dinheiro, assim como lhe pede favores e intercessão em assuntos de suas empresas”.
Além disso, durante a campanha de 2018, Eduardo Gomes também pediu quantias para bancar gastos com transporte e alimentação. A polícia acredita que “parte dos valores movimentados pelo grupo possa ter ido para o referido senador, por meio de Jorge Rodrigues Alves, como forma de manutenção de uma boa relação, assim como para o financiamento de campanhas políticas”.
Para “ajudar” o amigo, o líder do governo no Congresso falou que, caso o Inmetro não atendesse seu pedido de adiamento, iria trabalhar para conseguir a demissão de Angela Flôres, presidente do órgão.
“Vou ler aqui e montar uma estratégia. Em último caso, a gente questiona via comissão de Infraestrutura. Se houver motivação de espírito público a gente até derruba essa mulher”, afirmou Gomes em mensagem para Jorge. O senador conseguiu o desejado e a portaria foi adiada em três meses.
O que diz o Senador
Ao ser contatado pelo O Globo, Eduardo Gomes relatou ser amigo do empresário há 25 anos, mas negou a realização de crimes ou irregularidades. “As mensagens trocadas são autoexplicativas: tratam-se de pedidos de empréstimos a um amigo, mas que não se efetivaram”, afirmou o parlamentar.
A ex-presidente do Inmetro, Angela Flores Furtado, relatou que o adiamento foi baseado em critérios técnicos e negou a presença de pressão por parte do líder do governo no Senado.